Nesse primeiro 'Diário de um Nerd', decidi falar um pouco sobre o que a DC tem feito no cinema e qual a minha visão sobre o que para mim, são as muletas da empresa.

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Faz muito tempo que a DC não consegue emplacar nada que não seja Batman e Superman. Infelizmente, estamos reféns da mente pequena dos executivos da Warner que não conseguem ir além desses dois figurões.

O Superman mais bundão da história do cinema

Porém, se for considerar por gosto pessoal, acho que só a trilogia do Nolan realmente foi uma ótima retratação do universo do morcego. Não me levem a mal, acho que os primeiros filmes do Super foram ótimos, mas por serem da década de oitenta, ainda refletem pouco do que queremos ver. Lembro-me da minha animação para assistir o Superman: Returns, e da minha decepção ao ver um filme completamente infantil em que o herói mais poderoso da DC (com poderes de um deus) não desfere um soco sequer e apanha dos capangas do Lex. Uma vergonha.


Batman, o verdadeiro salvador da DC

Por isso, as vezes eu acho que a DC só teve sorte mesmo com o Batman, que apesar do filme Batman & Robin manteve uma compostura muito boa no cinema. Vou desprezar nesse texto a presença das animações que a DC sempre fez muito bem e focar apenas nos filmes.

Se você prestar bem a atenção no trajeto da empresa apenas o morcegão teve total relevância para a DC. Quando digo relevância estou me referindo a um propósito maior, indo além do mero sucesso de bilheterias. Watchmen por exemplo eu achei muito bom, mas não conseguiu trazer nada de novo, não inovou. Tentarei deixar as comparações com a Marvel no mínimo, mas nesse parágrafo serei forçado a falar um pouco sobre ela, por isso se você é o tipo de fã que detesta essas comparações passe longe e pule para o próximo parágrafo. A Marvel capengou por muito tempo, também, sem conseguir emplacar um sucesso foi só com o filme dos X-Men que ela mudou o mercado, mas isso, a DC também já havia feito, exatamente com o Batman do Burton. Ela nos deu uma visão diferente da que estávamos acostumados que era o herói super colorido e regado a onomatopeias. Aquela roupagem era diferente.

Mas foi então que o problema da DC começou, ou melhor, nunca apareceu uma solução. Já não existia mais um filme dela que mudasse alguma coisa no mercado. Batman Returns foi bom, mas não foi exemplar, Forever foi aceitável e Batman & Robin é um pecado mortal que deveria ser jogado em um vulcão e nunca mais sermos permitidos tocar no nome dele. Mulher Gato, por favor, façam o mesmo e joguem em um vulcão, com o diretor segurando a matriz do filme, de preferência. Com o Superman Returns voltando em 2006 todo mundo imaginou que aquele seria o retorno de uma franquia que tinha sido abandonada, mas nada do que queríamos se tornou realidade. O Super não conseguiu pegar carona no sucesso que foi Batman Begins e mesmo tendo tido números bons de vendagem foi abandonado e Brandon Routh e seu calibre poderoso que forçou o estúdio a diminuir a bagagem do super para evitar constrangimentos, infelizmente, sumiu.



Nolan foi o responsável por dar um fôlego a mais para a DC e consequentemente mudar completamente o cenário. Tudo era muito real, muito sombrio, muito verdadeiro. O homem morcego finalmente era um exemplo a ser seguido, tanto que é só observarmos Arrow por exemplo. Mas e o que veio depois? Tivemos um Lanterna Verde que para mim foi feito apenas para fazer volume na estante de live actions da empresa (que até então contava com apenas Batman, Superman, Supergirl, Mulher Gato e Watchmen). Completamente sem sal, com efeitos ruins e um roteiro praticamente inexistente esse filme foi responsável por selar a tumba de um futuro Liga da Justiça.


Um Superman mais sombrio, um Superman mais Batman

Mas não foi apenas com heróis conhecidos, Jonah Hex no ano anterior também tinha sido sofrível. E então surgiu a pergunta: Será que a DC consegue emplacar um sucesso que não seja Batman ou Superman ($$$)?
A resposta veio com Man of Steel, um filme do Super, mas com cara de Batman. Tudo sombrio, tudo dark, uma origem nova para o azulão, só que mesmo assim sem respeitar o cerne do personagem nos quadrinhos. Precisamos encarar aquilo como uma nova abordagem de um herói. Batman teve uma nova abordagem cinematográfica, mas nos quadrinhos ele já tinha aquela personalidade a muito tempo. Clark Kent, porém, sempre fora o certinho, o escoteiro, ali ele não era nada parecido, era muito mais um Clark de outra terra, um universo paralelo. Tudo bem, não era o mesmo, o filme tinha ação desenfreada, uma forma de tentar compensar pelo Returns e mais uma vez a DC se consagrava como um estúdio de dois nomes só.

Assim que anunciaram a sequência do Homem de Aço e ao lado dele colocaram Batman eu já tinha percebido, o próprio estúdio estava duvidando da capacidade do Super de segurar uma sequência sozinho. Infelizmente perdemos a oportunidade de conhecer melhor aquele herói novo, de se acostumar com sua nova visão, seu novo jeito de ser. Tudo isso por que agora esse era um filme da Liga da Justiça.


Daniel Alter, produtor do filme Batman vs Superman a respeito do filme.


Aos poucos foram sendo anunciados que Mulher Maravilha, Asa Noturna e agora até mesmo o Aquaman fariam parte dessa sequência. O que começou para ser Homem de Aço 2, virou Batman Vs Superman e agora já é Liga da Justiça. Ou seja a DC em sua tentativa de mudar seu próprio mundo continua se firmando em dois nomes só, mesmo que para isso seja necessário incluir outros heróis no mix. E o exemplo mais claro disso são as teorias ao redor da Mulher Maravilha, que não teria sua origem dos quadrinhos repeitada, passando de Amazona com mitologia grega como base para uma descendente de krypton, uma espécie de prima distante de Clark. 

Fuck Fest de CGI, necessário? Sim. Bem executado? Longe disso.

Tudo isso é uma vergonha. O departamento da DC sempre teve ótimos roteiros em mãos, filmes em animação da Mulher Maravilha, Lanterna Verde e Flash/Liga da Justiça que dariam muito certo nos cinemas, mas que não são utilizados e quando são precisam ser jogados ao lado de Batman, já que a DC não tem fé em seus personagens secundários, ou pelos menos não demonstra. Custava fazer do Lanterna Verde um exemplo? Era mesmo preciso um fuck fest de animação gráfica? Acho que ainda estamos longe de ver a ascensão da DC nos cinemas longe de Batman e Superman, porém, quero muito ser surpreendido. 

Por que não utilizar a inteligência de um Flashpoint Paradox? Por que não nos presentear com bons filmes que não girem ao redor de dois nomes apenas? A DC ainda está muito contida e precisa correr atrás do tempo perdido. Enquanto a Marvel já começa a liberar sua fase 3, com Homem de Ferro 2, Thor 2 e Capitão América 2, preparando o terreno para um Avengers 2, a DC só está nos atiçando com rumores e mais rumores de um filme que ao que tudo indica promete ser o prelúdio de um Liga da Justiça. 

Ou seja, falta organização, fé e força de vontade. Acho que o que mais do que isso a DC precisa sentar e ler um pouco o material que tem nas mãos, dedicar um tempo a eles e ver que cada um desses heróis tem um mundo vasto e interessante a ser explorado e com as direções corretas poderemos deixar de ficar presos a Krypton e Gotham.